Homem leva crianças ao McDonald’s após assassinar os pais em Brighton, revela investigação

Brighton, Reino Unido – A Justiça britânica concluiu que Derek Martin, de 67 anos, agiu de forma consciente e deliberada ao matar o casal Chloe Bashford, 30, e Josh Bashford, 33, em 9 de junho de 2023, e, em seguida, levar os quatro filhos das vítimas para lanches em estabelecimentos comerciais de Newhaven como se nada tivesse ocorrido. O caso, marcado pela aparente frieza do acusado, mobilizou investigadores, promotores, peritos e especialistas em saúde mental, culminando em sua condenação por duplo homicídio na Lewes Crown Court.

Discussão por dinheiro antecede ataque com martelo e faca

De acordo com a acusação, Martin compareceu à residência da família Bashford, em Brighton, na tarde de 9 de junho. Ele mantinha relação próxima com os moradores porque fora casado, no passado, com a mãe de Chloe. A justificativa para a visita era a limpeza de janelas, tarefa que realizava com frequência. No entanto, uma discussão por questões financeiras entre o visitante e a enteada terminou em violência extrema. Investigadores afirmaram que o suspeito golpeou Chloe na cabeça com um martelo e, depois, utilizou uma faca para atingi-la múltiplas vezes, causando sua morte dentro da própria casa.

Minutos depois, Josh Bashford chegou do trabalho e encontrou Martin ainda armado com a faca. Tentou refugiar-se no andar superior, mas foi perseguido. Conforme a reconstrução apresentada no tribunal, o agressor desferiu facadas seguidas de estrangulamento, provocando a morte do pai das crianças. A sequência de eventos ocorreu enquanto os filhos do casal estavam na escola.

Troca de roupa, descarte de telefone e retirada de maçanetas

Após matar Chloe e Josh, Derek Martin mudou de roupas para ocultar possíveis vestígios de sangue. Ato contínuo, decidiu evitar que os filhos testemunhassem a cena do crime. Para tanto, retirou maçanetas de portas internas da residência, dificultando o acesso aos cômodos onde permaneciam os corpos. Em seguida, dirigiu até a instituição de ensino das crianças e as buscou no horário regular.

Durante o trajeto, o acusado descartou o celular de Chloe em arbustos próximos a um supermercado da rede Sainsbury’s, em Newhaven. Essa ação, mais tarde confirmada por câmeras de circuito interno e pelo próprio relato do investigado, foi interpretada como tentativa de eliminar provas e retardar a descoberta dos homicídios.

Passeio aparenta normalidade em cafeterias e rede de fast-food

Imagens captadas por sistemas de segurança em Newhaven mostram o acusado caminhando tranquilamente com as quatro crianças. Inicialmente, o grupo entrou em uma cafeteria da rede Costa. Após permanecer no local, Martin conduziu os menores a uma unidade do McDonald’s. Nas gravações, ele aparenta calma, interage com os filhos das vítimas e realiza pedidos de comida, comportamento que contrasta com a violência ocorrida horas antes.

Segundo o Ministério Público, o réu manteve atitude controlada e metódica, articulando cada passo para impedir que as crianças se deparassem com a cena do crime e, simultaneamente, planejando sua própria apresentação à polícia.

Entrega das crianças à avó e rendição na delegacia

No início da noite, Martin deixou os menores na casa da avó, em Brighton. Posteriormente, dirigiu até Whitehawk, comprou cerveja em um comércio local e permaneceu à beira-mar ingerindo álcool. Ainda na mesma noite, entrou em uma delegacia e se identificou aos policiais, declarando: “Eu matei duas pessoas.”

Agentes foram imediatamente encaminhados à residência dos Bashford, onde localizaram os corpos de Chloe e Josh. O suspeito recebeu voz de prisão no local e passou a ser interrogado. Enquanto permanecia detido, entregou a um policial um bilhete indicando o local exato onde havia descartado o telefone de sua enteada. O celular foi encontrado, corroborando a narrativa de premeditação.

Exames psiquiátricos e tese da defesa

No curso do processo, a defesa alegou que Martin sofria de transtorno depressivo significativo, argumentando responsabilidade diminuída. Cinco psiquiatras prestaram depoimento. Embora confirmassem histórico de depressão, os especialistas diferiram sobre o impacto no momento do crime. O júri, após avaliar laudos, imagens de câmeras e depoimentos de testemunhas, refutou a alegação de incapacidade e concluiu que o réu compreendia plenamente seus atos.

A promotoria sustentou que Martin esperou intencionalmente a chegada de Josh para matá-lo, demonstrando planejamento, paciência e frieza. Essa conduta, associada ao descarte de provas, à restrição de acesso à casa e ao passeio sem demonstrar perturbação diante das crianças, reforçou a tese de assassinato premeditado.

Reação de familiares e autoridades

Parentes das vítimas descreveram Chloe e Josh como pais dedicados, envolvidos nas atividades escolares e reconhecidos pela comunidade local. Em audiência, manifestaram choque com a brutalidade do crime e com o fato de Martin, considerado, até então, figura familiar de confiança, ter arquitetado os assassinatos. O detetive-chefe Kimball Edey, da unidade de crimes graves de Surrey e Sussex, elogiou a resiliência dos familiares e ressaltou a complexidade da investigação, que envolveu análise de imagens, rastreamento de rota, perícia em dispositivos eletrônicos e entrevistas psiquiátricas.

Veredito e próxima etapa judicial

O tribunal reconheceu Derek Martin culpado por dois homicídios qualificados. A sentença definitiva será divulgada em 6 de novembro. Até lá, o réu permanece sob custódia. A pena poderá incluir prisão perpétua, conforme a legislação britânica para crimes de assassinato com circunstâncias agravantes.

Imagem: Lucas Rabello

Cronologia resumida dos eventos

09 de junho de 2023• Tarde – Martin chega à casa da família Bashford, em Brighton, para “limpar janelas”.• Início da tarde – Discussão sobre dinheiro. Chloe é atacada com martelo e esfaqueada.• Aproximadamente 17h – Josh retorna do trabalho, é perseguido, esfaqueado e estrangulado.• Após os crimes – Martin troca de roupa, retira maçanetas das portas, dirige até a escola e busca as quatro crianças.• Fim da tarde – Descarte do celular de Chloe em arbustos nas imediações de um Sainsbury’s.• Entre 18h e 19h – Paradas em cafeteria Costa e restaurante McDonald’s em Newhaven.• Noite – Crianças são deixadas na casa da avó, em Brighton. Martin compra cerveja em Whitehawk e bebe à beira-mar.• 22h25 – Suspeito apresenta-se voluntariamente em delegacia, confessa os assassinatos e indica local de descarte do telefone.• Madrugada de 10 de junho – Polícia encontra corpos e prende formalmente o investigado.

Elementos considerados para a condenação

Os promotores enfatizaram um conjunto de provas que, considerado em conjunto, indicou premeditação:

  • Relacionamento antigo com a família, permitindo acesso sem levantar suspeitas.
  • Utilização de pretexto (limpeza de janelas) para entrar na residência.
  • Retirada de maçanetas, medida considerada incomum e deliberada.
  • Troca de roupas e descarte do telefone da vítima para dificultar rastreamento.
  • Comportamento calmo nas filmagens de segurança enquanto escoltava as crianças.
  • Bilhete entregue à polícia, denotando conhecimento exato de onde depositara prova relevante.

Contexto familiar e impacto nas crianças

Os quatro filhos de Chloe e Josh, cujas idades não foram divulgadas para preservar a identidade, viviam rotina descrita como estável, frequentando a mesma escola em Brighton. Após os homicídios, passaram a residir com familiares próximos. Relatos apresentados em tribunal revelaram acompanhamento psicológico imediato para lidar com o trauma. A Promotoria sublinhou que, embora não tenham testemunhado diretamente as mortes, as crianças enfrentam consequências emocionais significativas por terem sido manipuladas pelo autor logo após o crime.

Debate sobre saúde mental e sistema judiciário

O caso reacendeu discussões no Reino Unido sobre critérios para aceitação de responsabilidade diminuída por transtornos psiquiátricos. A presença de exames médicos demonstrando histórico depressivo não foi suficiente para convencer o júri, que considerou as ações de Martin compatíveis com plena compreensão da ilegalidade. Especialistas destacaram que, em situações de homicídio qualificado, a linha entre doença mental e planejamento pode tornar-se ponto central do julgamento, exigindo análises detalhadas sobre lucidez, intenção e controle.

Próximos passos processuais

Com o veredito definido, a corte avaliará fatores agravantes e atenuantes antes de estabelecer a duração da pena. Entre os agravantes, o Ministério Público apontou:

  • Duplicidade de vítimas.
  • Uso de arma branca e força física.
  • Presença de crianças na dinâmica familiar direta.
  • Premeditação evidenciada por atos posteriores ao crime.

A defesa poderá apresentar atenuantes vinculados à idade do réu, histórico médico e eventual colaboração, como a confissão imediata. No entanto, especialistas em direito criminal britânico estimam que a gravidade dos fatos deve resultar em condenação de longa duração.

Repercussão na comunidade de Brighton

Moradores do bairro onde os Bashford viviam organizaram vigílias e homenagens, colocando flores e mensagens em frente à residência da família. Instituições locais mobilizaram redes de apoio para os filhos órfãos, incluindo arrecadação de fundos e atendimento psicossocial. Escolas da região implementaram protocolos de acolhimento para colegas das crianças, orientando professores a lidar com eventuais questionamentos e emoções.

Análise de procedimentos policiais

O comando de Surrey e Sussex revisou as etapas da investigação, destacando a rápida resposta à confissão e a preservação da cena do crime. Equipes de busca localizaram o telefone da vítima em menos de 24 horas, reforçando materialmente as alegações do Ministério Público. Peritos também recuperaram vestígios de DNA no martelo e na faca utilizados, relacionando-os ao acusado por meio de exames laboratoriais.

Possíveis recursos

Após a sentença, a defesa tem direito a recorrer em instâncias superiores, contestando tanto a condenação quanto a pena. Essa possibilidade depende de identificação de eventuais falhas processuais ou questionamento das conclusões sobre lucidez. Especialistas apontam, contudo, que o volume de provas físicas, testemunhais e audiovisuais tende a dificultar anulação ou redução significativa da decisão.

Com a divulgação da sentença marcada para 6 de novembro, o caso permanece em destaque no noticiário britânico devido ao impacto social, à discussão sobre saúde mental e ao envolvimento de crianças em situação de risco extremo. A promotoria informou que manterá acompanhamento próximo dos menores e de seus cuidadores, oferecendo suporte continuado ao longo do processo judicial.

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