Uma revisão de literatura médica de 50 páginas, divulgada neste mês pela Unhidden Foundation (uNHIdden), retoma o debate sobre os efeitos à saúde de contatos imediatos com OVNIs e propõe que a comunidade médica trate o tema como questão de saúde pública, não apenas como curiosidade cultural. O documento, intitulado Potenciais efeitos na saúde associados à exposição a OVNIs, reúne relatórios governamentais, artigos científicos e relatos clínicos para sustentar a tese de que encontros próximos podem causar danos físicos, fisiológicos e psicológicos, exigindo novos protocolos de atendimento, pesquisa independente e transparência entre órgãos civis e militares.
De acordo com os autores, a revisão não se propõe a provar a existência de inteligência não humana, tampouco a explicar a natureza dos objetos. O objetivo principal é consolidar evidências sobre possíveis lesões associadas a eventos envolvendo objetos voadores não identificados e oferecer recomendações para que médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde reconheçam, documentem e tratem pacientes que apresentem sintomas após tais ocorrências.
O tom científico e cauteloso foi reforçado em prefácio assinado pelo clínico geral Dr. Daniel Weaver, que classificou o trabalho como uma análise baseada em evidências destinada a profissionais de saúde. Já o pesquisador Dr. Jacques Vallée destacou, em outra introdução, a dificuldade que testemunhas enfrentam para buscar atendimento, muitas vezes por receio de descrédito ou diagnóstico incorreto.
O resumo executivo do documento apresenta quatro conclusões:
Para sustentar a primeira conclusão, a revisão menciona o relatório de 2021 do Diretor de Inteligência Nacional dos EUA, que descreve alguns OVNIs como objetos físicos representando risco à aviação. Também é citada declaração do ex-presidente americano Barack Obama, reconhecendo registros de objetos no céu sem explicação imediata. Do lado britânico, o Projeto Condign, concluído em 2006 pelo Ministério da Defesa, declarou “indiscutível” a existência de fenômenos aéreos não identificados.
Quanto aos mecanismos de lesão, o texto resgata estudo encomendado pela Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA) no âmbito do Advanced Aerospace Weapon Systems Applications Program (AAWSAP), desenvolvido entre 2008 e 2010. O documento, intitulado Efeitos de Campo Agudos e Subagudos Anômalos em Tecidos Humanos e Biológicos, relaciona ferimentos humanos a aproximação de aeronaves anômalas, apontando radiação eletromagnética, sobretudo nas faixas UHF e micro-ondas, como causa principal.
Outro material destacado é o relatório do All-domain Anomaly Resolution Office (AARO), que menciona faixas críticas entre 400 MHz e 2 GHz e descreve sintomas neurossensoriais e térmicos compatíveis com exposição a radiofrequência.
Segundo o compêndio, arquivos da AAWSAP listam manifestações clínicas que vão além de simples aquecimento de tecidos, tais como:
Os autores observam que, em vários casos, exames laboratoriais rotineiros não revelam anormalidades, sugerindo mecanismos neurofisiológicos ainda pouco compreendidos.
Para ilustrar a diversidade de efeitos, a revisão retoma episódios conhecidos na literatura ufológica, analisando-os como eventos médicos:
Falcon Lake (Canadá, 1967) – Testemunha apresentou queimaduras em padrão de grade no tórax, além de sintomas neurológicos prolongados.
Cash-Landrum (Estados Unidos, 1980) – Relatados sinais compatíveis com exposição a alta energia, incluindo doença aguda grave.
Colares (Brasil, 1977) – Dezenas de moradores teriam sido tratados por queimaduras, lesões perfurantes e paralisia parcial.
Rendlesham (Reino Unido, 1980) – Militar envolvido recebeu, anos depois, benefício por invalidez, com referência a possível exposição a radiação elevada.
Imagem: ovnihoje
A revisão recupera o Catálogo Schuessler, que compila 356 casos registrados entre 1873 e 1994. Os dados apontam recorrência de sintomas como queimaduras, náuseas, dores de cabeça, formigamento, fadiga, insônia e lapsos de memória, indicando padrões clínicos repetitivos ao longo de diferentes décadas e regiões.
No prefácio de Vallée, é descrito como pacientes evitam procurar profissionais de saúde por receio de ridicularização. Dessa forma, pesquisadores de ufologia acabam assumindo informalmente o papel de “primeiros socorristas”, embora sem os recursos clínicos adequados. O relatório sustenta que o estigma limita a discussão técnica, compromete a coleta padronizada de dados e deixa vítimas sem acompanhamento apropriado.
Para enfrentar esses obstáculos, a uNHIdden recomenda a criação de fluxos assistenciais que orientem desde o primeiro atendimento até o encaminhamento a especialistas. O objetivo é que clínicos gerais, emergencistas e enfermeiros saibam:
Embora a revisão foque especificamente em efeitos à saúde de contatos imediatos com OVNIs, o texto reproduz correspondência do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido que reconhece, pela primeira vez segundo os autores, a existência da Síndrome de Havana como entidade rara e pouco compreendida, sem protocolo oficial no sistema público britânico. Para os autores, esse reconhecimento pode abrir espaço para a contratação de especialistas à medida que novos critérios diagnósticos forem estabelecidos.
No capítulo de fisiologia, o relatório enumera manifestações observadas em diversos incidentes:
Os autores destacam a importância de anotar tempos de início dos sintomas, condições ambientais (inclusive fontes de radiofrequência próximas) e achados neurológicos ou oftalmológicos. Pesquisas sobre alterações em regiões cerebrais como caudado e putâmen são mencionadas, mas ainda carecem de dados abertos e replicação independente.
A uNHIdden lista três frentes de ação consideradas prioritárias:
Os autores ressaltam que o propósito é “educar e prestar cuidados” às pessoas afetadas, não investigar a procedência dos fenômenos.
Ao reclassificar os efeitos à saúde de contatos imediatos com OVNIs como lacuna de saúde pública, a revisão argumenta que se abre espaço para políticas voltadas a prevenção, diagnóstico e tratamento. Segundo os autores, transparência entre sistemas militares e civis é passo crucial, pois muitas informações sobre frequência, intensidade e duração de exposições continuam restritas a arquivos classificados.
A uNHIdden pretende coletar sugestões da comunidade médica para elaborar uma segunda edição do relatório. A expectativa é que dados compartilhados voluntariamente por profissionais ampliem a compreensão de sintomas, permitam validação de achados e incentivem pesquisas controladas sobre exposição a radiofrequência e micro-ondas em contexto anômalo. O grupo também defende canais de comunicação que protejam a privacidade dos pacientes e incentivem a notificação sem receio de estigmatização.
Com base nas referências compiladas, a revisão sustenta que há indícios consistentes de danos físicos, fisiológicos e psicológicos ligados a contatos imediatos com OVNIs, embora o volume de estudos disponíveis ao público ainda seja limitado. A proposta de trilhas clínicas, treinamento especializado e liberação de dados busca transformar um tema até então marginal em objeto de investigação médica sistemática, com foco na segurança dos pacientes e na padronização das práticas de atendimento.
OVNI Hoje
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