São Paulo, 20 de outubro de 2025 – Dois novos artigos científicos revisados por pares reforçam a hipótese de que fenômenos luminosos detectados em fotografias do céu, obtidas antes de 1957, podem representar objetos artificiais em órbita da Terra. As pesquisas, conduzidas pela astrônoma Dra. Beatriz Villarroel, vinculada ao Instituto Nórdico de Física Teórica (Nordita) e à Universidade de Estocolmo, foram aceitas por Scientific Reports e pelo Publications of the Astronomical Society of the Pacific (PASP), destacando evidências de UFOs no espaço anteriores à Era Espacial.
Confirmação obtida após revisão por pares
Os dois trabalhos recém-publicados integram o projeto VASCO – Vanishing & Appearing Sources during a Century of Observations. Combinados a um estudo anterior que havia saído no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (MNRAS), formam um conjunto de três abordagens independentes que exploram o mesmo acervo de placas fotográficas do First Palomar Observatory Sky Survey (POSS-I). A validação por três periódicos distintos, todos de alto impacto, confere robustez estatística às conclusões, segundo as quais parte dos luminosos transitórios observados nas imagens não pode ser atribuída a defeitos de chapa ou ruído instrumental.
Método geral
As equipes lideradas por Villarroel analisaram fotografias feitas entre 1949 e 1957 pelo telescópio Hale, no Monte Palomar, Califórnia. A amostra abrangeu pouco mais de 100 mil registros de fontes que surgem e desaparecem rapidamente — os chamados transitórios. Cada imagem foi comparada a catálogos contemporâneos e a registros de eventos históricos, como testes nucleares atmosféricos e relatos de avistamentos de UAPs (Unidentified Anomalous Phenomena, em inglês, ou OVNIs).
Artigo 1: correlação com testes nucleares e relatos de UAPs
Intitulado “Transients in the Palomar Observatory Sky Survey (POSS-I) may be associated with nuclear testing and reports of unidentified anomalous phenomena”, o primeiro estudo, assinado por Villarroel e pelo estatístico Stephen Bruehl, examinou possíveis relações temporais entre os flashes fotografados e dois conjuntos de eventos terrestres: ensaios nucleares realizados acima do solo e notificações de objetos voadores anômalos encaminhadas à época para autoridades civis ou militares.
Conforme a análise, os transitórios mostraram probabilidade 45% maior de aparecer em janelas que coincidiram com um teste nuclear (no dia do ensaio ou 24 horas antes/depois). A inspeção detalhada revelou que, especificamente no dia seguinte a um disparo de arma nuclear, a chance de registrar um flash breve subia para 68%.
Quando a variável considerada foi o número de relatos de UAPs por data, a correlação também apareceu significativa: cada comunicado adicional de avistamento correspondia a um incremento médio de 8,5% na quantidade de transitórios identificados em placas do POSS-I.
Os autores observaram ainda um efeito aditivo. Nas ocasiões em que um teste nuclear e múltiplos relatos de UAP ocorreram simultaneamente, a soma das probabilidades resultou na maior frequência absoluta de flashes de curta duração em todo o conjunto amostral.
Artigo 2: teste da sombra da Terra
No segundo artigo, “Aligned, multiple-transient events in the First Palomar Sky Survey”, Villarroel examinou alinhamentos específicos de transitórios e aplicou o chamado teste da sombra da Terra. A lógica desse teste é a seguinte: se o brilho resulta de reflexo solar em um objeto em órbita, ele desaparece quando o corpo passa pela região umbral onde a Terra bloqueia totalmente a luz do Sol.
Os cálculos mostraram um déficit de 22σ (22 desvios-padrão) de transitórios dentro da sombra. O valor indica chance estatística ínfima de que a ausência de flashes seja aleatória, reforçando a tese de que parte das fontes observadas depende efetivamente da luz solar e, por isso, fica invisível na penumbra terrestre.
Além disso, simulações produzidas pela equipe indicaram que superfícies planas e altamente reflexivas seriam capazes de gerar os padrões de clarões documentados nas placas. Nesse modelo, objetos poderiam situar-se em órbita geoestacionária e apresentar reflexos brevíssimos quando o ângulo Sol-objeto-telescópio se tornasse favorável. Características desse tipo não costumam ocorrer em asteroides naturais, que tendem a ser irregulares e menos reflexivos.
Implicações para a pesquisa de UFOs no espaço
Os resultados dos dois artigos suscitam a possibilidade de que ao menos uma parcela dos transitórios represente tecnos assinaturas — evidências observacionais de tecnologia não humana ou não contemporânea à cronologia conhecida da Era Espacial. Segundo Villarroel, a principal pergunta deriva do fato de que o primeiro satélite, o soviético Sputnik-1, foi lançado apenas em outubro de 1957, ao passo que as fotografias analisadas abrangem anos anteriores.
Se confirmada, a presença de objetos artificiais em órbita antes de qualquer artefato terrestre levantaria diversas hipóteses, tanto de missões de origem desconhecida quanto de fenômenos tecnológicos não registrados oficialmente. No entanto, a autora evita conclusões e limita-se a ressaltar a necessidade de aprofundar observações em tempo real, a fim de confrontar as estimativas obtidas em material histórico com dados coletados por sensores modernos.
Relação com padrões de avistamento civil e militar
A correlação temporal entre os flashes de curta duração e testemunhos de UAPs também chama a atenção porque combina dois conjuntos de dados independentes. Relatos de OVNIs nos anos 1950, muitos provenientes de civis em localidades distantes, não guardam vínculo direto com o processo de captura fotográfica do Palomar Observatory, e tampouco com as agendas de testes nucleares. Ainda assim, a sobreposição estatística sugere que um mesmo fenômeno poderia ter sido registrado por meios distintos — imagens astronômicas, observações visuais e operações militares.
Para Bruehl, a magnitude dessas associações contraria explicações estritamente prosaicas, como rachaduras ou impurezas em emulsões fotográficas. Defeitos de placa tenderiam a distribuir-se de maneira aleatória, sem ligação com cronogramas de eventos terrestres.
Contribuição metodológica
Os três estudos vinculados ao VASCO introduzem abordagens inéditas para o exame de dados arquivados. Em vez de descartar automaticamente pontos luminosos isolados, os autores aplicaram filtros de posicionamento, duração, brilho, alinhamento e proximidade temporal a eventos geopolíticos. O resultado foi um inventário de anomalias que, segundo defendem, merece investigação sistemática com instrumentos atuais, como telescópios de varredura rápida e redes de satélites de observação.
Imagem: Facebook
Além do aspecto técnico, a publicação em revistas respeitadas reduz a barreira de aceitação do tema UFOs no espaço no meio acadêmico. Historicamente, pesquisadores interessados em UAPs enfrentaram resistência por parte de editores e revisores. Ao passar com êxito por três processos independentes de revisão por pares, o grupo de Villarroel demonstra viabilidade de aplicar critérios científicos convencionais a registros associados a fenômenos não identificados.
Próximos passos
Em declarações públicas, Villarroel informou que pretende ampliar as buscas em material fotográfico de outras décadas e de outros observatórios. A expectativa é comparar os padrões do POSS-I com catálogos posteriores, especialmente após 1957, quando satélites artificiais se tornaram relativamente comuns. Um objetivo paralelo é utilizar algoritmos de aprendizado de máquina para detectar automaticamente sequências de flashes que se encaixem nos modelos propostos para possíveis reflexos de objetos planos em órbita.
Outro ponto em discussão envolve a replicabilidade. Pesquisadores independentes poderão acessar as mesmas placas digitalizadas e refazer as medições. Caso observem resultados equivalentes, a hipótese de artefatos fotográficos tenderá a perder força, enquanto a explicação de objetos físicos ganhará respaldo adicional.
Contexto histórico
O First Palomar Observatory Sky Survey foi executado entre 1949 e 1958 e cobriu o céu do hemisfério norte em duas bandas espectrais. As placas originais oferecem resolução suficiente para captar objetos até magnitude 21, incluindo estrelas, galáxias distantes e, agora, possíveis reflexos de superfícies orbitais desconhecidas. À época, o programa tinha como foco principal catalogar corpos celestes estáticos, e não fenômenos transitórios. Por isso, dezenas de milhares de pequenos pontos que apareciam somente em uma das exposições foram historicamente classificados como ruído.
Nos últimos anos, contudo, pesquisas de tecnos assinaturas – sinais indiretos de tecnologias extraterrestres – reacenderam o interesse por arquivos fotográficos. O projeto VASCO insere-se nesse movimento, avaliando se dados coletados antes dos primeiros satélites podem conter indícios de atividade inteligente em órbita terrestre ou nas proximidades.
Questões em aberto
Embora apontem forte evidência de que parte dos flashes corresponda a objetos refletindo luz solar, os artigos não atribuem origem específica às fontes. Permanecem em estudo variáveis como altitude exata, velocidade e composição dos supostos artefatos. Determinar essas características exigirá observações contemporâneas em múltiplos comprimentos de onda, capazes de medir paralaxe e movimentos de forma direta.
Além disso, correlações estatísticas, por si sós, não comprovam causalidade. A coincidência entre flashes e testes nucleares, por exemplo, pode resultar de fatores indiretos ainda não compreendidos. Os autores recomendam ampliar as bases de comparação, incorporando dados meteorológicos, registros militares desclassificados e cronologias de exercícios estratégicos que, eventualmente, pudessem interferir na ionosfera ou gerar detritos luminosos.
Repercussão na comunidade científica
Especialistas em astronomia observacional reconhecem a solidez dos métodos estatísticos, mas pedem cautela na interpretação. Para alguns, anomalias estatísticas podem refletir limitações do próprio levantamento POSS-I, como variações de exposição ou calibração da óptica. Para outros, o ineditismo da abordagem abre caminho para revisitar informações subaproveitadas em acervos fotográficos de larga escala.
Instituições dedicadas ao estudo de UFOs no espaço, por sua vez, veem nos artigos um marco. A publicação em veículos de prestígio facilita a captação de recursos e legitima investigações que, até há pouco, esbarravam em preconceito acadêmico. A expectativa é que telescópios de nova geração, como o Vera C. Rubin Observatory, forneçam amostras mais densas de fenômenos transitórios, permitindo testar as hipóteses formuladas pelo grupo sueco.
Significado estatístico de 22σ
O déficit de 22 desvios-padrão dentro da sombra da Terra representa um nível de significância raramente visto em pesquisas científicas. Em probabilidade gaussiana, exceder 5σ já indica evidência robusta; alcançar 22σ implica chance praticamente nula de erro aleatório. Ainda assim, esse número não informa a natureza dos objetos, apenas sustenta a conclusão de que os flashes dependem da luz solar e são, portanto, fenômenos externos às placas fotográficas.
Considerações finais
Os dois artigos recém-aceitos fortalecem o argumento de que dados históricos podem revelar UFOs no espaço antes do Sputnik-1. Ao estabelecer correlações com testes nucleares, alinhar padrões de brilho e aplicar o teste da sombra da Terra, as equipes lideradas por Beatriz Villarroel fornecem um quadro estatístico que desafia explicações convencionais. O próximo passo será concentrar observações modernas nos pontos celestes descritos, buscando confirmar ou refutar a presença de objetos artificiais de origem ainda desconhecida.
Fonte: Portal Vigília





















