Buga (Colômbia) — A chamada “Esfera de Buga”, objeto metálico que teria caído em maio deste ano na cidade colombiana de Buga após contato com uma linha de alta tensão, voltou ao centro das atenções depois que um suposto laudo de datação por carbono-14 atribuiu 12.560 anos de idade a uma resina presente em sua superfície. O documento, atribuído ao Centro de Estudos de Isótopos Aplicados da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, provocou nova onda de discussões, reacendendo questionamentos sobre a autenticidade do artefato e a validade dos testes divulgados.
Origem do episódio
O objeto ganhou notoriedade quando moradores relataram, em maio, a queda de uma esfera metálica após explosão em cabos elétricos na periferia de Buga. Fotografias mostram um corpo esférico com supostos danos térmicos, parcialmente recoberto por resina endurecida. O caso se espalhou nas redes sociais e dividiu opiniões entre entusiastas de fenômenos aéreos não identificados, que consideram o achado possivelmente extraterrestre, e céticos que apontam sinais de fraude ou origem industrial terrestre.
Detalhes do laudo divulgado
O novo elemento no debate surgiu quando circulou online a imagem de um relatório que mencionaria a datação da resina do objeto. O documento apresenta a idade de 12.560 anos antes do presente, com margem de erro padrão para análises do tipo. A folha, impressa em inglês, traz o cabeçalho do centro universitário norte-americano, referência ao Dr. Steven Greer como divulgador dos resultados, e descrição dos procedimentos analíticos.
No entanto, o texto contém um erro ortográfico na palavra “technology”, aparecendo grafada como “technilogy”, o que alimentou suspeitas sobre a autenticidade do laudo. Usuários de redes sociais também notaram ausência de número oficial de protocolo, assinatura de responsável técnico e informações detalhadas sobre a coleta da amostra — requisitos comuns em relatórios acadêmicos ou comerciais de datação radiocarbônica.
Limites do método carbono-14
Especialistas lembram que a técnica de carbono-14 é aplicável exclusivamente a substâncias orgânicas, pois mede o decaimento de isótopos de carbono absorvidos por organismos vivos durante seu ciclo biológico. Materiais inorgânicos, como metais, não contêm carbono-14 em concentrações mensuráveis. No caso da Esfera de Buga, a análise teria sido feita não no núcleo metálico, mas na camada de resina aparente, possivelmente de origem vegetal ou sintética.
A possibilidade de contaminação recente é uma preocupação recorrente em artefatos expostos ao ambiente ou ao manuseio humano. Resinas superficiais podem absorver carbono atmosférico ou ter sido aplicadas após a suposta trajetória do objeto, o que distorce a cronologia real. Procedimentos de descontaminação, protocolos de laboratório e verificação cruzada com outras técnicas, como espectrometria de massa para ligas metálicas, são recomendados para estabelecer idade confiável.
Reações de pesquisadores e internautas
Numa análise publicada na rede X, usuários identificados como profissionais de arqueometria explicaram que a resina, embora orgânica, poderia ter sido aplicada recentemente, tornando o resultado irrelevante para datar a fabricação do objeto. Exemplos de artefatos avaliados em 2023 ilustram casos de datações descartadas após detecção de contaminação por manuseio moderno.
O Dr. Steven Greer, conhecido por iniciativas voltadas a relatos de objetos voadores não identificados, foi citado como responsável por divulgar o laudo. A associação do pesquisador ao caso é vista com reserva por parte da comunidade científica e por aficionados que cobram metodologia transparente. Até o momento, não há confirmação pública do laboratório de que a análise tenha sido solicitada, tampouco comunicado oficial da Universidade da Geórgia sobre o trabalho.
Envolvimento de Jaime Maussan
Outro nome mencionado nas discussões é o do jornalista mexicano Jaime Maussan, figura conhecida em investigações sobre supostos fenômenos extraterrestres. A participação de Maussan na narrativa elevou o nível de desconfiança entre críticos, que relembram episódios anteriores em que evidências apresentadas por ele foram posteriormente contestadas. O comunicador, no entanto, não comentou formalmente o laudo de carbono-14 nem detalhou possíveis etapas de verificação.
Dúvidas sobre procedência do objeto
Apesar da repercussão, a origem da Esfera de Buga permanece indeterminada. Hipóteses levantadas desde maio incluem:
- Dispositivo de armazenamento ou transporte industrial que se desprendeu de aeronave ou instalação próxima;
- Tanque de combustível auxiliar, semelhante a peças caídas de foguetes ou aviões;
- Artefato confeccionado para fins artísticos ou publicitários, posteriormente lançado na área;
- Objeto exclusivo, de natureza não terrestre, trazido à superfície por circunstâncias desconhecidas.
Autoridades locais não divulgaram relatório oficial sobre a recuperação da esfera, tampouco registros formais de investigação militar ou civil. Sem registro de ocorrência aérea anômala ou perda de carga, parte dos analistas considera mais provável a origem terrestre, enquanto defensores da hipótese extraterrestre aguardam novas perícias.
Condições do artefato e processos de estudo
Fotografias de alta resolução mostram fissuras, supostos vestígios de calor e a camada de resina amarelada recobrindo áreas da superfície metálica. Peritos independentes sugerem coleta de amostras metálicas para espectroscopia de emissão óptica, difração de raios X e microanálise química, capazes de indicar composição da liga e processos de manufatura. Até o momento, não há documentação pública de exames desse tipo.
Laboratórios que realizam datação radiocarbônica geralmente exigem cadeia de custódia da amostra, indicando local exato de coleta, selagem, temperatura de transporte e controle de contaminantes. Ausência de tais informações reduz a confiabilidade científica do resultado. Questionamentos semelhantes recaem sobre o laudo divulgado, que não detalha massa inicial da resina, fração de carbono retirada nem gráficos de calibração.
Impacto nas redes sociais
Desde a divulgação do documento, postagens nos idiomas inglês e espanhol acumulam milhares de comentários. Grupos favoráveis à autenticidade apontam a longevidade estimada como indicador de origem pré-histórica ou extraterrestre. Críticos destacam o erro de grafia, lacunas metodológicas e o fato de a resina poder ter sido aplicada muito depois da suposta queda, tornando a data inócua.

Imagem: Internet
Influenciadores digitais especializados em checagem de fatos recomendaram aguardar manifestações oficiais do laboratório citado. Alguns usuários enviaram e-mails à universidade solicitando confirmação; até o fechamento deste texto, não havia resposta pública. A instituição mantém portal com lista de serviços, mas não apresenta referência direta à Esfera de Buga em bases de dados abertas.
Contexto de supostas evidências ufológicas na América Latina
A América Latina tem histórico frequente de relatos sobre objetos aéreos não identificados. Casos envolvendo peças metálicas são comuns na região por causa de sobrevoo de satélites, estágios de foguetes e aeronaves comerciais. Órgãos aeroespaciais reiteram que componentes de reentrada costumam exibir morfologia característica e podem conter revestimentos poliméricos semelhantes a resina epóxi, usada para proteção térmica.
Entidades ligadas à aviação e à defesa recomendam que artefatos supostamente caídos do espaço sejam analisados conforme protocolos de segurança, já que podem abrigar resíduos tóxicos ou material radioativo. Até agora, não houve relato oficial sobre perigo químico ou radiológico associado à esfera colombiana, mas a prática recomenda manuseio restrito até conclusão de exames.
Próximos passos para elucidar o caso
Para estabelecer a real idade e a função da Esfera de Buga, especialistas sugerem múltiplas vias de investigação:
- Metalografia: análise de microestrutura para detectar processos de soldagem, fundição ou forjamento industrial;
- Espectrometria de massa por plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) para determinar proporção de elementos traço e origem geográfica da liga;
- Tomografia industrial para verificar cavidades internas, módulos eletrônicos ou reservatórios;
- Datação de isótopos de chumbo no metal, caso apresente liga à base de ligas seladas;
- Ressonância magnética ou ultrassom para detectar componentes ocultos sem danificar a estrutura.
Sem resultados desses procedimentos, a idade atribuída à resina permanece apenas um dado isolado, insuficiente para afirmar época de fabricação do objeto ou confirmar hipótese extraterrestre. A comunidade científica internacional destaca que, quando múltiplas técnicas convergem para o mesmo intervalo temporal, a robustez das conclusões aumenta significativamente.
Posicionamento do veículo que divulgou o caso
O site que publicou a notícia original reforça que não endossa totalmente a veracidade das informações e afirma ter como finalidade principal divulgar relatos ufológicos, deixando a comprovação a cargo de exames independentes. O portal também menciona manter abertos seus comentários, mas alerta que discussões devem manter foco no tema e não em assuntos políticos, reservando-se o direito de banir perfis que descumprirem as regras.
Situação atual
No momento, não há confirmação de que a Universidade da Geórgia tenha realizado o exame nem declaração oficial de pesquisadores associados ao laboratório quanto à amostra recebida. Tampouco foi apresentada documentação sobre a cadeia de custódia da resina, fundamental para descartar contaminação. A Esfera de Buga permanece guardada por particulares, sem liberação para estudo acadêmico amplo.
Enquanto isso, o debate continua. De um lado, entusiastas aguardam novos testes que confirmem a antiguidade e reforcem a hipótese de origem não humana; de outro, especialistas pedem cautela, ressaltando a necessidade de metodologia rigorosa, relatórios completos e revisões independentes antes de tirar conclusões definitivas.
Independentemente do desfecho, o episódio exemplifica como supostas evidências ufológicas ganham rápida repercussão virtual, sobretudo quando não há pronta resposta técnica. A consolidação ou a refutação do caso dependerá de análises laboratoriais transparentes, dados acessíveis a pares científicos e publicação em canais revisados por especialistas.
Até que surgam resultados adicionais, a idade de 12.560 anos atribuída à resina da Esfera de Buga permanece contestada e insuficiente para comprovar a antiguidade do núcleo metálico do artefato.
Fonte: OVNI Hoje