A capital argentina, Buenos Aires, alcançou a mais alta pontuação entre todas as cidades latino-americanas avaliadas no ranking de habitabilidade de 2024 elaborado pela Economist Intelligence Unit (EIU). O levantamento anual analisou 173 centros urbanos e concedeu à metrópole 82,8 pontos em uma escala que considera, de forma equilibrada, cinco dimensões essenciais: estabilidade, saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura. O resultado posiciona a cidade não apenas como a melhor colocada na região, mas também em um patamar competitivo em comparação a destinos europeus e asiáticos que tradicionalmente figuram nas primeiras posições mundiais.
Metodologia do levantamento
O estudo da EIU mantém, ano após ano, o mesmo conjunto de critérios para avaliar a capacidade de cada cidade em oferecer condições adequadas de vida, trabalho e investimento. A categoria de estabilidade observa a ocorrência de conflitos internos, índices de criminalidade e cenário político. No quesito saúde, são analisados acesso e qualidade dos sistemas hospitalares, cobertura de serviços médicos e indicadores de bem-estar populacional. Cultura e ambiente englobam oferta de atividades culturais, patrimônio urbanístico, clima e poluição. Educação considera disponibilidade de escolas e desempenho em níveis básico e superior. Por fim, infraestrutura envolve transporte público, energia, água, telecomunicações e moradia. Cada domínio recebe uma pontuação que, somada e ponderada, gera o índice final de cada município pesquisado.
Nesse formato, o valor máximo possível é de 100 pontos. As cidades que superam 80 pontos costumam ser vistas como ambientes onde a maioria dos serviços essenciais está consolidada, existindo margens relativas para aperfeiçoamento em áreas específicas. A marca de 82,8 atingida por Buenos Aires, portanto, indica desempenho consistente em todos os temas avaliados, com destaque para aspectos de serviços públicos, oferta cultural e custo de vida considerado competitivo.
Fatores que favoreceram Buenos Aires
A pesquisa registra que a capital argentina conseguiu preservar uma qualidade de vida relativamente elevada mesmo em períodos de instabilidade econômica nacional. A administração urbana apresenta rede de transporte público tida como eficiente, capaz de ligar diferentes bairros e zonas periféricas. Escolas e hospitais da rede pública obtiveram avaliações positivas, e a malha urbana segue um plano que facilita deslocamento, acesso a áreas verdes e distribuição de equipamentos comunitários.
Além dos serviços básicos, o relatório ressalta o papel da vida cultural no cotidiano local. Teatros, museus, cafés de relevância histórica e eventos artísticos espalham-se por múltiplos bairros, contribuindo para a formação de um ambiente urbano dinâmico, acessível e plural. Essa oferta cultural robusta pesa na avaliação, uma vez que estimula participação social, fortalece a identidade da cidade e amplia opções de lazer a moradores e visitantes.
A segurança, embora não esteja isenta de desafios, apresenta índices mais estáveis quando comparada a grandes capitais vizinhas. Essa condição relativa melhora a percepção geral de qualidade de vida e reduz a sensação de vulnerabilidade no espaço público. A combinação de transportes funcionais, serviços básicos bem avaliados, vida cultural intensa e níveis de segurança mais controlados sustentou a pontuação final obtida pela capital.
Posicionamento das demais capitais latino-americanas
Na segunda colocação regional, Montevidéu, capital do Uruguai, também ultrapassou a marca de 80 pontos. O relatório menciona desempenho expressivo em infraestrutura, o que inclui transporte metropolitano, serviços de utilidade pública e manutenção urbana, além de resultados satisfatórios em segurança. Santiago, no Chile, completa o trio de melhor pontuadas na América do Sul, igualmente aproveitando indicadores sólidos em planejamento urbano e proteção ao cidadão.
O Brasil aparece no grupo das dez primeiras posições latino-americanas com o Rio de Janeiro e São Paulo. As duas maiores metrópoles brasileiras sustentam relevância pela força cultural e pelo peso econômico, fatores que elevam notas em cultura, ambiente e oportunidades de trabalho. Contudo, continuam enfrentando limitações em mobilidade urbana e segurança pública, aspectos que impactam diretamente a classificação final de ambas.
Importância do índice para governos, investidores e moradores
Divulgado todos os anos, o levantamento da EIU é amplamente utilizado como referência por gestores públicos, empresas multinacionais e indivíduos que consideram mudanças de residência ou expansão de negócios. O relatório oferece uma visão comparativa que auxilia na identificação de riscos e oportunidades. Cidades com pontuações altas tendem a atrair maiores fluxos de investimento estrangeiro, turismo e talentos profissionais, pois demonstram capacidade de fornecer serviços básicos eficientes, ambiente de negócios previsível e infraestrutura de qualidade.
Para governos locais, a posição no ranking serve de termômetro de políticas públicas, evidenciando setores que requerem ajustes ou reforço de recursos. Já para residentes e potenciais novos habitantes, o índice ajuda a avaliar se o município escolhido atende a parâmetros mínimos de qualidade de vida nas áreas analisadas. Dessa forma, o estudo impacta direta e indiretamente planos de desenvolvimento urbano, estratégias empresariais e decisões de mobilidade internacional.
Imagem: Junior
Desempenho global de Buenos Aires
O relatório de 2024 indica que Buenos Aires, além de liderar na América Latina, obteve colocação competitiva em âmbito mundial, superando parte de cidades europeias e asiáticas que tradicionalmente figuram em listas de melhor qualidade de vida. O equilíbrio entre uma infraestrutura moderna, agenda cultural extensa e custo de vida mais acessível do que o observado em metrópoles do hemisfério norte foi citado como diferencial. Esse equilíbrio favorece tanto moradores locais, que dispõem de serviços públicos essenciais, quanto estrangeiros que buscam opções de residência temporária ou permanente em um centro urbano multicultural.
A liderança regional reforça o papel da capital argentina como polo de atração de empresas, estudantes internacionais e turistas. A visibilidade obtida pelo ranking tende a ampliar a atenção global sobre projetos de revitalização urbana, eventos culturais de porte internacional e iniciativas de inovação tecnológica mantidas na cidade. Assim, mesmo sem promessa de resolução imediata para desafios macroeconômicos nacionais, o reconhecimento demonstra que políticas municipais focadas em serviços públicos e planejamento territorial podem produzir ganhos perceptíveis de qualidade de vida.
Tendências observadas no cenário latino-americano
O levantamento também confirma uma tendência de melhoria gradual em áreas específicas nas principais capitais continentais. Montevidéu e Santiago, por exemplo, registraram avanços em infraestrutura ao adotar sistemas de transporte mais integrados e políticas voltadas à sustentabilidade urbana. Em paralelo, Rio de Janeiro e São Paulo preservaram destaque cultural e econômico, sinalizando que esses fatores continuam oferecendo compensações parciais para fragilidades nos quesitos segurança e mobilidade.
No conjunto, as pontuações apontam que cidades que conseguem conciliar serviços públicos eficientes, planejamento de médio e longo prazo e controle relativo da criminalidade alcançam resultados superiores, mesmo em contextos econômicos desafiadores. Essa constatação, aplicada ao caso de Buenos Aires, ilustra que a qualidade de vida não depende exclusivamente de indicadores macroeconômicos, mas também da gestão direta de setores básicos, como saúde, educação, transporte e segurança.
Perspectivas para a próxima edição do ranking
Embora o estudo corresponda ao desempenho capturado no ano-base de 2024, autoridades municipais das cidades analisadas costumam utilizar o diagnóstico para formular metas de curto e médio prazos. Ajustes em infraestrutura urbana, ampliação de serviços de saúde e investimentos em educação figuram entre ações que podem influenciar positivamente os resultados futuros. Programas de segurança pública direcionados à prevenção da criminalidade e à modernização de recursos policiais também tendem a determinar a variação de pontuação nos próximos levantamentos.
Em Buenos Aires, a manutenção da nota elevada dependerá da continuidade de esforços para preservar a eficiência do transporte, sustentar o padrão de qualidade dos equipamentos de saúde e educação e, simultaneamente, ampliar a oferta cultural de maneira inclusiva. A cidade, à frente de outras capitais regionais, servirá de referência para que governos vizinhos observem boas práticas capazes de melhorar indicadores semelhantes em seus respectivos territórios.
Resumo dos pontos-chave
• Buenos Aires lidera a América Latina no ranking de habitabilidade 2024, com 82,8 pontos em 100.
• A EIU avaliou 173 cidades e aplicou critérios de estabilidade, saúde, cultura e ambiente, educação e infraestrutura.
• A capital argentina registrou bom desempenho em transporte, escolas, hospitais, planejamento urbano, custo de vida e vida cultural.
• Montevidéu e Santiago ocupam segunda e terceira posições regionais, ambas acima de 80 pontos.
• Rio de Janeiro e São Paulo integram o grupo das dez primeiras latino-americanas, impulsionadas por peso cultural e econômico, mas com desafios em mobilidade e segurança.
• O ranking é utilizado por governos, empresas e cidadãos para medir qualidade de vida e avaliar potencial de investimentos ou mudanças de residência.
• O reconhecimento reforça a posição de Buenos Aires como polo urbano competitivo e atrativo também em escala global.





















