Aplicativo Enigma reúne milhares de relatos de objetos subaquáticos não identificados nos Estados Unidos

O aplicativo Enigma, ferramenta voltada à coleta de crowdsourcing para registros de fenômenos aéreos não identificados, passou a concentrar também uma quantidade crescente de avisos sobre objetos avistados em ambientes aquáticos. Essas ocorrências, catalogadas como Objetos Subaquáticos Não Identificados (OSNIs), agregam dados históricos e depoimentos recentes que vão de observações oculares a registros obtidos por sensores de navios militares.

Monitoramento e metodologia do aplicativo

Lançado para o público com o propósito de mapear eventos incomuns no céu, o Enigma se consolidou como repositório aberto de informações fornecidas por usuários em diversas partes do mundo. Os relatos incluem coordenadas geográficas, horários, condições climáticas e, quando disponíveis, arquivos de vídeo ou imagem adicionados pelos próprios observadores. Embora o enfoque inicial tenha sido incidentes aéreos, a plataforma ampliou seu escopo para avistamentos que descrevem movimentos de objetos na superfície da água ou embaixo dela.

A funcionalidade de filtragem do aplicativo permite ao usuário selecionar palavras-chave e delimitar a distância em relação a cursos d’água. Esse refinamento levou a equipe que administra a base a criar um banco exclusivo para os episódios subaquáticos. Além disso, os desenvolvedores compilaram estatísticas agregadas que mostram a frequência, a distribuição geográfica e as características mais citadas pelos participantes da comunidade do Enigma.

Definição de OSNIs

Dentro do campo de estudo dos fenômenos anômalos, o termo OSNI descreve qualquer objeto ou ocorrência detectada debaixo d’água que não possa ser imediatamente explicada. Por seguir a lógica nomenclatural de Objeto Voador Não Identificado, o conceito se restringe ao ambiente subaquático. Relatos históricos e modernos costumam apontar atributos como mudanças bruscas de direção, acelerações superiores às de embarcações conhecidas e a capacidade de transitar entre meio aquático e atmosfera sem perturbação visível na superfície.

Registros históricos

Casos relatados entre os séculos XI e XIX sugerem que a narrativa de objetos incomuns no oceano antecede os relatos de OVNIs modernos. Crônicas datadas do ano 1067 indicam que moradores na costa de Northumberland, Inglaterra, teriam observado um objeto flamejante que se elevava, retornava ao mar e ressurgia repetidas vezes. Embora o documento descreva o fenômeno em linguagem medieval, pesquisadores atuais o classificam entre os primeiros relatos que poderiam ser associados a um OSNI.

Outro episódio frequentemente citado ocorreu em 1825 a bordo do navio britânico HMS Blonde. O naturalista Andrew Bloxam, integrante da tripulação, registrou em diário de bordo a visão de um orbe avermelhado e brilhante que emergiu do mar, elevou-se por alguns instantes e retornou à água duas vezes antes de desaparecer. Bloxam descreveu a luminosidade como semelhante a “um tiro de canhão incandescente”, expressão usual na época para ilustrar intensidade de cor e calor percebidos.

Relatos contemporâneos

Com a popularização de tecnologia de registro audiovisual em dispositivos móveis, vídeos e fotografias começaram a compor parte importante das submissões. Entre os materiais considerados mais claros pela equipe do Enigma está uma gravação feita em 11 de junho de 2023 nas proximidades de Fort Lauderdale, Flórida. As imagens mostram duas luzes submersas deslocando-se em trajetória paralela, mantendo distância constante entre si e intensidade luminosa estável. O autor, a bordo de uma embarcação de pequeno porte, captou o evento em ambiente marítimo calmo, sem indicar alterações no nível da superfície da água durante a movimentação das luzes.

Além de registros civis, profissionais da área militar também relatam incidentes subaquáticos. O veterano operador de sonar da Marinha dos Estados Unidos, Aaron Amick, mencionou em entrevistas que contatos rápidos e incomuns aparecem ocasionalmente nas telas do sonar, mas desaparecem antes que sistemas de medição de velocidade consigam obter dados confiáveis. Esses relatos reforçam a hipótese de que parte dos objetos ainda não foi caracterizada pelas tecnologias existentes ou não segue o comportamento esperado de fauna marinha e artefatos humanos.

Em novembro de 2024, durante audiência no Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o ex-contra-almirante Tim Gallaudet classificou os incidentes envolvendo objetos subaquáticos como risco potencial à segurança nacional. Gallaudet, que ocupou cargos ligados à oceanografia e à inteligência naval, defendeu estudos sistemáticos e transparência no compartilhamento de dados entre agências governamentais, academia e setor privado.

Estatísticas recentes do Enigma

Dados divulgados pela administração do aplicativo referem-se ao período até agosto de 2025. Segundo o levantamento, mais de 9 mil avistamentos de fenômenos não identificados ocorreram nos Estados Unidos em locais situados a menos de 16 quilômetros de costas ou grandes cursos d’água. Desse total, aproximadamente 1,5 mil registros mencionam explicitamente termos como “água”, “oceano”, “lago” ou “praia”, equivalendo a 17% das notificações coletadas. Ainda dentro desse universo, cerca de 500 relatos se deram em distância inferior a 8 quilômetros de linha costeira, o que representa 5,6% do total analisado.

Descritivos que informam a movimentação vertical — objetos subindo ou descendo — ou pairando sobre a água somam pouco mais de 150 ocorrências. Os administradores do Enigma observaram concentração relevante desses relatos em dois estados com longa extensão de litoral: Califórnia, com 389 registros, e Flórida, com 306. A distribuição geográfica, segundo a equipe, acompanha a densidade populacional de regiões próximas ao mar, onde há maior número de observadores em potencial.

Padrões relatados pelos usuários

Ao analisar os campos de texto livre presentes nos formulários do aplicativo, a equipe do Enigma identificou padrões recorrentes. Os observadores tendem a empregar expressões como “luz sólida”, “movimento sem agitação” e “deslocamento silencioso” para descrever os objetos. Alguns relatórios destacam “entrada ou saída da água sem ondulação” e “velocidade incompatível com embarcações conhecidas”. Em eventos que incluem sensores, sobretudo sonares civis de alta frequência instalados em iates e embarcações de recreio, há apontamentos sobre retornos de sinal abruptamente suprimidos, o que sugere possível evasão ativa ou limitações do equipamento em registrar deslocamentos muito rápidos.

Dentro do conjunto de 1,5 mil relatos com menção direta a ambiente aquático, a maioria se concentra em períodos crepusculares ou noturnos, coincidindo com menor interferência de luz ambiente. Entretanto, relatórios diurnos também aparecem, embora em menor quantidade, descrevendo reflexos metálicos ou formas escuras contrastando com a coloração natural do mar.

Comparação com incidentes aéreos

O volume de notificações associado a OSNIs ainda é inferior ao número de observações aéreas cadastradas na plataforma. Contudo, a curva de crescimento anual dos casos subaquáticos mantém tendência de alta desde a inclusão do filtro dedicado em 2022. Especialistas que colaboram voluntariamente com o aplicativo atribuem parte desse aumento à maior conscientização do público sobre a possibilidade de fenômenos ocorrerem também debaixo d’água.

Relatórios aéreos e subaquáticos compartilham características como aceleração rápida, mudanças de trajetória em ângulos fechados e ausência de sinais acústicos típicos de motores convencionais. A principal diferença se dá no meio de propagação: no ambiente aquático, densidade e pressão impõem limitações maiores a objetos físicos, o que eleva a incerteza sobre o mecanismo que permitiria movimentos relatados a velocidades consideradas altas para veículos submersíveis construídos pela engenharia atual.

Repercussão em órgãos de defesa e pesquisa

Após o depoimento de novembro de 2024, congressistas norte-americanos solicitaram ao Departamento de Defesa informações sobre a existência de projetos dedicados ao monitoramento de OSNIs. Embora parte dos documentos permaneça classificada, representantes da Marinha confirmam a execução de programas de vigilância costeira que incluem análise de sinais de sonar e imagens de satélite. O objetivo declarado é identificar ameaças potenciais, sejam elas tecnológicas, de espionagem ou de natureza desconhecida.

Universidades com cursos de oceanografia e engenharia naval demonstram interesse acadêmico nos dados disponibilizados pelo Enigma. Grupos de pesquisa já iniciam protocolos para avaliar se fenômenos naturais, como bioluminescência de certas espécies ou reflexos gerados por condições atmosféricas, explicam parcela dos casos. No entanto, segundo a equipe do aplicativo, uma quantidade significativa de ocorrências permanece classificada como “não identificada” após verificações preliminares, seja pela ausência de material comprobatório complementar ou pela incompatibilidade entre descrição e fenômenos conhecidos.

Desafios de verificação

A avaliação de relatos de OSNIs enfrenta obstáculos técnicos semelhantes aos dos estudos de OVNIs. Falta de registros instrumentais de alta resolução, latência entre a ocorrência e a submissão do relatório, e ausência de múltiplas testemunhas treinadas reduzem a chance de validação independente. Em ambiente aquático, esses desafios se ampliam devido à limitação de alcance óptico, à influência de partículas suspensas na visibilidade e à complexidade de capturar imagens nítidas abaixo da superfície.

Para contornar essas dificuldades, a equipe do Enigma incentiva o envio imediato de dados brutos, como arquivos de sonar, leituras de GPS e metadados de fotografia, que possibilitam aferição de horário e localização. A plataforma planeja integrar, em futuras atualizações, campo dedicado para anexar registros de hidrofones e sensores subaquáticos pessoais, ampliando o leque de evidências disponíveis.

Perspectivas futuras

Analistas de defesa consultados pela imprensa norte-americana destacam que a consolidação de um banco de dados público sobre OSNIs contribui para identificar padrões trans-regionais e reduzir lacunas no conhecimento sobre domínios marítimos estratégicos. Organizações civis como o Enigma, ao centralizar informações dispersas de forma padronizada, oferecem subsídio para investigações governamentais e pesquisas acadêmicas independentes.

Ao mesmo tempo, autoridades mantêm postura cautelosa quanto à divulgação de detalhes operacionais das suas plataformas de vigilância, alegando necessidade de proteger capacidades sensíveis. A colaboração entre órgãos estatais e iniciativas civis segue, portanto, limitada por critérios de sigilo e nacionalidade. Mesmo assim, a tendência apontada pelos números do aplicativo sugere que o catálogo de incidentes subaquáticos continuará a crescer, potencialmente gerando novas frentes de estudo sobre segurança marítima e fenômenos não convencionais.

Panorama nacional dos Estados Unidos

A predominância de relatos em Califórnia e Flórida reforça a associação entre densidade populacional costeira e incidência de avistamentos. Outros estados com litoral, como Texas e Washington, também aparecem em listas preliminares, embora com números inferiores. No interior do país, onde o acesso ao mar é inexistente, casos referem-se principalmente a lagos extensos, como o Lago Michigan. Contudo, a participação desses registros no total nacional permanece minoritária.

À medida que as costas recebem atenção especial de agências de guarda costeira e pesca, estudos colaborativos podem cruzar dados obtidos pelo Enigma com registros institucionais de monitoramento de tráfego marítimo, tubulações submarinas e pesquisa pesqueira. Se confirmadas características incompatíveis com fenômenos naturais ou artefatos humanos conhecidos, novas políticas de vigilância poderão ser propostas para áreas consideradas críticas.

Considerações sobre terminologia e padronização

A adoção do acrônimo OSNI pelos desenvolvedores do Enigma acompanha tendência observada em relatórios governamentais que substituíram OVNI por outras siglas, como UAP (Unidentified Aerial Phenomena). A padronização terminológica facilita a comparação de dados entre estudos e evita confusão com termos populares mais ligados à cultura de entretenimento. Em documentos oficiais, o uso de siglas menos carregadas de conotação cultural tende a estimular análise objetiva e debate técnico.

Conclusão parcial dos estudos

Embora o Enigma se apresente como plataforma de coleta de dados sem pretensão de validar cientificamente cada relato, a base acumulada oferece panorama inédito sobre avistamentos em meio aquático. A depender do volume contínuo de submissões e da qualidade das evidências recebidas, pesquisadores poderão testar hipóteses que expliquem parte dos fenômenos de forma convencional, enquanto mantêm aberta a possibilidade de descobertas que desafiem o entendimento atual sobre tecnologia submersível e comportamento de objetos não identificados.

Por enquanto, nenhuma explicação definitiva foi publicada para os casos mais notáveis, incluindo o vídeo de luzes captado em Fort Lauderdale e os contatos rápidos detectados por operadores de sonar. A incerteza alimenta discussões sobre a origem dos objetos e incentiva o desenvolvimento de métodos de monitoramento capazes de abranger tanto o domínio aéreo quanto o subaquático.

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