Corpo de filha é mantido por duas décadas em congelador; mãe de 75 anos é presa no Japão

Uma figura observando uma galáxia, simbolizando a busca por respostas no universo.

A polícia da província de Ibaraki, ao nordeste de Tóquio, prendeu uma mulher de 75 anos após a própria idosa admitir que manteve o corpo da filha dentro de um congelador doméstico por aproximadamente duas décadas. A investigação começou oficialmente na terça-feira, quando agentes encontraram os restos mortais de uma mulher adulta no interior de um equipamento de armazenamento térmico instalado na residência de Keiko Mori, situada em uma área residencial da cidade. A descoberta lança luz sobre um caso que se estendeu ao longo de anos sem qualquer registro oficial, e agora as autoridades trabalham para determinar tanto a causa da morte quanto as circunstâncias que permitiram que o corpo permanecesse oculto por tanto tempo.

Segundo informações confirmadas por um porta-voz da polícia local, Mori compareceu voluntariamente a uma delegacia acompanhada de um parente próximo. Durante o depoimento, a idosa afirmou que o cadáver era de Makiko Mori, sua filha, nascida em 1975 e que, se estivesse viva, teria 49 ou 50 anos. A confissão motivou a emissão imediata de um mandado de busca. Poucas horas depois, equipes de investigação se deslocaram até o endereço indicado e localizaram o corpo em um congelador profundo, popularmente conhecido como “freezer horizontal”, equipamento diferente do freezer acoplado a refrigeradores tradicionais. O aparelho estava posicionado em um cômodo da casa e, de acordo com os policiais, apresentava sinais de utilização contínua.

No momento da remoção, os peritos constataram que o corpo vestia uma camiseta simples e roupa íntima. O cadáver foi encontrado ajoelhado, inclinado para a frente, posição que, segundo os investigadores, coincidia com o espaço limitado dentro do compartimento. Havia sinais avançados de decomposição, apesar da baixa temperatura constante. Tais indícios tornam imprescindível a realização de autópsia para esclarecer a causa exata da morte, definir a data provável do óbito e indicar se houve participação de terceiros. O corpo foi encaminhado imediatamente ao instituto médico-legal competente, onde exames detalhados já foram solicitados.

Keiko Mori foi formalmente detida sob suspeita de abandono de cadáver, crime previsto na legislação japonesa quando alguém mantém ou descarta de forma incorreta restos humanos. Em declaração inicial, a suspeita explicou que decidiu adquirir o congelador depois que o odor do corpo se espalhou pela casa. O relato sugere que, em um primeiro momento, o cadáver teria permanecido em temperatura ambiente, ganhando depois o abrigo improvisado no freezer para conter a decomposição aparente. O equipamento, portanto, tornou-se o meio utilizado para ocultar o falecimento e, ao mesmo tempo, suprimir qualquer evidência olfativa que pudesse chamar a atenção de vizinhos ou visitantes.

A polícia informou ainda que Mori tem vários filhos, embora o número exato não tenha sido divulgado. As identidades e possíveis depoimentos dos demais familiares são mantidos em sigilo. O que se sabe até agora é que, desde a morte do marido, ocorrida no início deste mês, a idosa vivia sozinha no imóvel. A ausência de outras pessoas na residência fez com que o congelador passasse despercebido ao longo dos anos, retardando qualquer intervenção externa. Esse detalhe também reforça a incerteza sobre o momento em que Makiko faleceu e sobre a dinâmica familiar vigente quando a morte ocorreu.

O porta-voz da corporação ressaltou que a investigação trabalha em paralelo em duas frentes: confirmar a identidade da vítima e determinar se houve delito além do abandono de cadáver. Exames de DNA serão confrontados com amostras dos familiares para validar a declaração de Keiko Mori. Esse procedimento é considerado padrão sempre que há afirmação verbal sobre a identidade de restos mortais sem documentação médica ou legal que comprove o vínculo.

Embora o congelamento retarde a degradação dos tecidos, vinte anos dentro de um freezer não impedem completamente o processo de decomposição. A integridade dos órgãos internos tende a ser afetada pela formação de cristais de gelo e por variações na temperatura do aparelho ao longo do tempo. Por esse motivo, determinar causa e data da morte ainda é viável, mas exige técnicas periciais específicas, como análises microscópicas, exames toxicológicos e avaliação de alterações estruturais em ossos e cartilagens. A polícia local adiantou que somente após receber o laudo médico-legal poderá definir se caberá acusação adicional, eventualmente de homicídio ou ocultação de provas.

O caso gera repercussão principalmente porque Makiko, segundo a mãe, nasceu em 1975. A diferença de idade registrada entre mãe e filha sugere que o falecimento ocorreu quando a vítima tinha algo em torno de 29 ou 30 anos, caso a morte tenha realmente acontecido duas décadas atrás. No entanto, como ainda não há confirmação oficial de datas, a linha temporal será um dos eixos centrais da investigação. As autoridades tentam reconstituir os últimos registros de vida da filha, incluindo documentos escolares, registros médicos e dados de emprego. Esses levantamentos costumam ser necessários para verificar se o desaparecimento foi notado por órgãos públicos, parentes ou vizinhos em algum momento.

Durante a varredura no imóvel, os agentes não encontraram sinais aparentes de violência em cômodos ou objetos que, em tese, pudessem estar associados a um crime. O congelador, entretanto, chamou atenção pelo tamanho e pela presença de camadas internas de gelo que dificultaram a remoção imediata do corpo. Especialistas foram convocados para descongelar gradualmente o aparelho a fim de evitar danos adicionais aos restos mortais. Esse processo foi acompanhado de perto por peritos químicos e biólogos, que coletaram amostras tanto do interior do freezer quanto do piso da residência, procurando vestígios de fluidos corporais ou materiais orgânicos que pudessem oferecer pistas sobre a data aproximada da morte ou sobre possíveis tentativas de limpeza.

A polícia de Ibaraki costuma redirecionar casos complexos para unidades especializadas em Tóquio quando as investigações envolvem prazos longos ou circunstâncias incomuns. No momento, não há confirmação de que esse trâmite acontecerá, mas as autoridades deixaram aberta a possibilidade de compartilhar informações com outras jurisdições, caso surjam elementos que transcendam a alçada local. Enquanto isso, Keiko Mori permanece detida em cela isolada, sob monitoramento, aguardando os resultados preliminares da autópsia e as deliberações do Ministério Público japonês.

A legislação do Japão prevê diferentes níveis de responsabilização para situações que envolvem ocultação de morte. O abandono de cadáver pode levar a pena de até três anos de reclusão, mas a punição sobe consideravelmente se forem identificados indícios de homicídio ou fraude documental. Por ora, a polícia enfatiza que ainda não existem provas suficientes para enquadrar Mori em crime mais grave. O fato de a idosa ter se apresentado voluntariamente à delegacia é tratado como circunstância atenuante, embora isso não implique inocência ou redução automática de pena. A estratégia de defesa deverá ser definida após a conclusão do inquérito.

Corpo de filha é mantido por duas décadas em congelador; mãe de 75 anos é presa no Japão - Imagem do artigo original

Imagem: Lucas Rabello

Os agentes também procuraram compreender como a morte do marido de Keiko, registrada no início deste mês, influenciou a decisão da mulher de confessar. A hipótese considerada mais provável é a de que a perda do companheiro tenha quebrado a rotina mantida por décadas, levando à revelação. A polícia, no entanto, evita comentar detalhes sobre o relacionamento familiar enquanto colhe depoimentos de outros parentes. Esses testemunhos são considerados cruciais para entender a dinâmica interna da casa e para confirmar se alguém, consciente ou não, teve conhecimento do corpo guardado no congelador.

Vizinhos foram entrevistados ao longo da semana, mas até agora não surgiu relato que indique percepção de movimento ou odor atípico na residência de Mori. O aparato urbano de Ibaraki, com inspetores comunitários e coleta regular de lixo, geralmente contribui para identificar rapidamente situações anômalas. O fato de o corpo permanecer oculto por vinte anos sem denúncia direta faz com que o caso seja classificado pela polícia como atípico. Essa constatação reforça o interesse das autoridades em estabelecer cada etapa do processo de ocultação, desde a morte da filha até a instalação do freezer.

Quanto ao equipamento, técnicos do departamento de eletricidade do governo local analisarão o consumo energético da residência, na tentativa de estimar a data de compra do congelador. Se a aquisição ocorreu logo após o suposto falecimento, isso pode corroborar a versão inicial apresentada pela mãe. Já se o aparelho tiver data de fabricação posterior ao período mencionado, os investigadores precisarão apurar se houve outra forma de armazenamento do corpo antes de sua colocação no freezer.

Keiko Mori, que até então levava vida descrita por vizinhos como discreta, não possuía antecedentes criminais. Ainda assim, a polícia decidiu solicitar exame de sanidade mental, procedimento comum em casos que envolvem conservação de cadáveres por períodos prolongados. O objetivo é avaliar se a idosa tinha plena consciência das implicações legais de suas condutas. Os resultados desse exame podem influenciar diretamente a responsabilização penal, definindo se haverá indicação de tratamento psiquiátrico ou encaminhamento ao sistema prisional comum.

Em paralelo, a mídia local acompanha o desenvolvimento do inquérito, mas a polícia impôs restrições para preservar a privacidade dos demais familiares. Por essa razão, não há confirmação pública sobre a localização ou condição atual dos outros filhos de Keiko. Também permanece sob sigilo o teor completo das declarações colhidas na delegacia, inclusive os motivos que levaram a mulher a manter o corpo da filha em congelamento por tanto tempo.

O próximo passo formal do processo investigativo será a conclusão da autópsia. O laudo preliminar deve indicar causa provável da morte, presença ou ausência de lesões traumáticas, sinais de asfixia ou efeitos de substâncias tóxicas. Caso surjam elementos incompatíveis com morte natural, o inquérito mudará de patamar, e a tipificação penal poderá incluir homicídio. Por outro lado, se nenhuma evidência de violência ou envenenamento for detectada, o procedimento seguirá concentrado no crime de abandono de cadáver, acrescido de possíveis infrações administrativas relacionadas à documentação de óbito.

Enquanto a perícia avança, as autoridades continuam analisando registros públicos para confirmar se Makiko foi declarada desaparecida em algum momento. Até o momento, não há informação disponível sobre boletins de ocorrência anteriores, o que pode indicar que a filha não tinha vida social ampla na ocasião de sua morte ou que seu paradeiro não foi questionado formalmente por conhecidos, colegas de trabalho ou órgãos de governo. Esse dado, se comprovado, poderá influenciar a avaliação sobre a responsabilidade moral e legal da mãe, mas não deve alterar a acusação base de abandono de cadáver.

Sem prazo oficial divulgado para a conclusão do laudo médico-legal, o caso permanece aberto e acompanhado de perto pelas autoridades de Ibaraki. A polícia confirma que divulgará novas informações somente após a consolidação de provas materiais. Até lá, Keiko Mori seguirá detida e à disposição da justiça japonesa, enquanto peritos tentam desvendar as circunstâncias que mantiveram o corpo de Makiko escondido em um congelador por cerca de vinte anos.

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