O que pensam cientistas e a NASA sobre alienígenas e OVNIs

Discussões sobre a existência de vida extraterrestre e sobre a origem dos Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs) circulam há décadas, mas ganharam novo fôlego nos últimos anos. Enquanto parte do público acusa a comunidade científica de ignorar ou esconder informações, pesquisas recentes mostram um quadro mais complexo. Levantamentos realizados em universidades e órgãos de pesquisa indicam que muitos cientistas consideram plausível a existência de vida fora da Terra e reconhecem a necessidade de investigar relatos de fenômenos aéreos inexplicados. A própria NASA, principal agência espacial dos Estados Unidos, passou a dedicar grupos de trabalho específicos ao tema.

Pesquisas medem a convicção sobre vida extraterrestre

Um estudo divulgado em janeiro de 2025 pela Universidade de Durham, no Reino Unido, consultou 521 astrobiólogos — especialistas que estudam as condições para a vida no espaço — e 534 pesquisadores de outras áreas. O objetivo foi mapear opiniões sobre a probabilidade de existência de vida alienígena. Entre os astrobiólogos, 86,6% afirmaram concordar total ou parcialmente que formas de vida simples devem existir em algum lugar do universo. Apenas 1,9% discordaram, enquanto 12% preferiram manter posição neutra.

A confiança na presença de organismos inteligentes foi menor, porém ainda significativa. Segundo o mesmo levantamento, 67,4% dos astrobiólogos e 58,2% dos não astrobiólogos acreditam que civilizações avançadas podem habitar outros sistemas estelares. Peter Vickers, professor de Filosofia da Ciência em Durham e coautor da pesquisa, interpretou os números como um sinal de amplo consenso sobre a possibilidade de vida no cosmos, ainda que parte dos entrevistados avalie as chances de contato direto como remotas.

Relatos de avistamentos entre acadêmicos

Numa linha distinta, pesquisadores da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, recorreram ao anonimato para investigar experiências pessoais. Em 2023, eles enviaram questionários a docentes de universidades de pesquisa consideradas de ponta, todos com estabilidade ou em processo de obtenção de estabilidade. A pergunta central era se o entrevistado, ou alguém próximo, já presenciara fenômenos classificados pela definição do governo norte-americano para OVNIs — agora frequentemente chamados de Fenômenos Aéreos Não Identificados (UAP, na sigla em inglês).

Dos participantes, 18,9% responderam “sim” e 8,7% optaram por “talvez”. O formulário não exigia detalhes técnicos, mas oferecia espaço livre para comentários. Um dos acadêmicos relatou que, em 1976, toda a família sentiu tremores e ouviu um ruído intenso enquanto um objeto pairava sobre a residência na zona rural do nordeste dos Estados Unidos. Outro participante afirmou ter visto um objeto luminoso na infância, experiência que teria sido confirmada por telejornais locais. Há ainda o depoimento de um pesquisador que diz ter testemunhado dois OVNIs e, após receber descrédito de colegas, decidiu evitar o assunto em público.

Apesar de chamativos, esses testemunhos não refletem necessariamente a posição majoritária da comunidade científica. Os próprios autores do estudo alertam que houve autoseleção: quem se sentia atraído pelo tema tinha mais probabilidade de responder. Além disso, alguns docentes reagiram negativamente ao convite, classificando a sondagem como potencial risco à carreira acadêmica.

Estigma e mudanças de postura

Historicamente, a pesquisa sobre OVNIs enfrentou resistência nos meios acadêmicos. A falta de evidências empíricas robustas, somada ao receio de desgaste de reputação, afastou muitos cientistas do debate. Contudo, o cenário vem mudando. A ampliação de políticas de transparência em agências governamentais dos Estados Unidos, a liberação de vídeos captados por pilotos da Marinha norte-americana e a realização de audiências no Congresso sobre o assunto estimularam novos grupos de estudo.

No campo da busca por sinais de inteligência, projetos como o SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) monitoram há décadas emissões de rádio e outros tipos de sinal que possam indicar tecnologia alienígena. Em paralelo, o METI (Messaging Extraterrestrial Intelligence) defende o envio deliberado de mensagens ao espaço. Embora sejam iniciativas distintas da investigação de UAPs, ambas demonstram disposição da comunidade científica para explorar a possibilidade de companhias interestelares.

Papel da NASA na investigação de OVNIs

A NASA reforçou esse movimento ao anunciar, em 2023, um grupo de estudo independente voltado aos fenômenos aéreos não identificados. A equipe analisou dados públicos, relatos civis e registros militares, mas concluiu que, até o momento, não há prova de origem extraterrestre para os casos observados. Ainda assim, o relatório final recomenda aperfeiçoar métodos de coleta de informações, padronizar protocolos e incentivar a colaboração entre agências federais e instituições civis.

Bill Nelson, ex-astronauta e administrador da autarquia, afirmou na apresentação do documento que a missão da NASA é “descobrir o desconhecido” e que a agência tratará o tema de forma aberta e transparente. A declaração procura responder às críticas de falta de clareza, ao mesmo tempo em que estabelece limites: sem dados consistentes, não é possível atribuir os avistamentos a naves alienígenas.

Complexidade do fenômeno e evidências disponíveis

Entre especialistas, há consenso de que a maioria dos relatos tem explicações convencionais, como fenômenos atmosféricos, drones ou balões meteorológicos. Entretanto, parcela dos registros permanece sem esclarecimento completo, em especial quando se trata de observações por sensores militares de alta resolução ou quando múltiplas testemunhas independentes descrevem o mesmo evento. Esses casos se tornam alvos prioritários de investigação, pois podem envolver riscos à segurança aérea ou problemas de inteligência.

Aeronaves não identificadas em espaços aéreos restritos levantam dúvidas adicionais sobre tecnologia de origem terrestre. A possibilidade de sistemas avançados pertencentes a potências estrangeiras é considerada mais plausível por muitos analistas do que a hipótese interplanetária. Mesmo assim, a ausência de provas conclusivas mantém em aberto uma fração do debate científico.

Importância de metodologias padronizadas

Pesquisadores que defendem a análise sistemática dos UAPs destacam a necessidade de padrões observacionais claros. Isso inclui sensores calibrados, registros simultâneos em diferentes comprimentos de onda, documentação das condições meteorológicas e verificação de dados de radares civis e militares. Sem esse cuidado, argumentam, qualquer anomalia corre o risco de ser interpretada de maneira imprecisa.

A NASA, no relatório de 2023, propôs a criação de um banco de dados unificado para compilar informações de múltiplas fontes. A medida, segundo a agência, facilitaria a comparação de eventos, reduziria ruídos e permitiria a aplicação de técnicas de inteligência artificial para filtrar ocorrências que merecem análise detalhada. A adoção de uma abordagem multidisciplinar — envolvendo físicos, engenheiros, meteorologistas, psicólogos e estatísticos — também foi recomendada.

Expectativas futuras

Ao mesmo tempo em que cresce o interesse público, a pressão por transparência leva governos e instituições a divulgarem registros antes classificados. Documentos oficiais britânicos, franceses e brasileiros já vieram a público em anos recentes, ampliando o acervo disponível para pesquisa. Contudo, sem instrumentos de coleta modernos na época, muitos arquivos carecem de informações técnicas suficientes para validação.

No âmbito científico, há expectativa de que telescópios de próxima geração, missões a luas do sistema solar e análises de exoplanetas contribuam para responder à velha pergunta sobre vida fora da Terra. Descobertas de possíveis bioassinaturas em Marte, em Encélado ou em Europa, por exemplo, fortaleceriam a convicção sobre a ubiquidade de organismos simples. Já indícios de tecnologia extraterrestre — seja via sinais de rádio, seja pela detecção de poluentes industriais em atmosferas distantes — continuam sendo o Santo Graal da pesquisa.

Conclusões parciais da comunidade científica

Embora raramente se arrisquem a cravar a visita de alienígenas, muitos cientistas aceitam a probabilidade de que a vida, em algum grau, seja comum no universo. Pesquisa quantitativa aponta para ampla maioria inclinada a essa hipótese, especialmente entre astrobiólogos. Quando o assunto muda para OVNIs, a cautela aumenta. Relatos de acadêmicos sugerem que experiências pessoais existem, mas ainda carecem de confirmação objetiva.

A maior mudança recente é a disposição de instituições como a NASA em dedicar recursos formais à coleta e à análise de dados, adotando uma postura que tenta equilibrar curiosidade científica e responsabilidade com evidências. O resultado prático é um interesse concreto no fenômeno, porém sem endosso a conclusões precipitadas.

Em síntese, a posição predominante na ciência hoje não descarta visitantes de outros mundos, mas exige provas sólidas para apoiar essa hipótese. Enquanto não surgirem evidências diretas, a investigação continua voltada tanto para compreender fenômenos atmosféricos e tecnologias humanas quanto para buscar sinais de inteligência fora do planeta.

Fonte: OVNI Hoje

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