O aumento do consumo de energia no inverno faz com que residências recorram a estufas, aquecedores portáteis e mantas elétricas, ampliando a exigência sobre a rede elétrica. Nesse contexto, especialistas em segurança doméstica identificam o forno elétrico como um dos equipamentos que mais contribuem para incêndios originados na cozinha quando permanece conectado sem necessidade. O aparelho, geralmente associado apenas ao preparo de alimentos, pode sobrecarregar circuitos, provocar superaquecimento e, em situações extremas, iniciar focos de fogo que se espalham rapidamente pelo ambiente.
Demanda energética elevada pressiona instalações
Nos períodos de temperatura baixa, tomadas e extensões costumam ficar ocupadas por dispositivos de alto consumo — aquecedores, secadores de roupas improvisados e até carregadores de baterias de maior potência. Adicionar o forno elétrico a esse cenário, mesmo desligado, cria um ponto adicional de tensão. A corrente elétrica contínua, somada ao aquecimento natural dos cabos ao longo do dia, gera desgaste e pode desencadear curto-circuito. Técnicos reforçam que a sobrecarga permanece silenciosa até que o disjuntor desarme ou, em casos mais graves, até que surja um princípio de incêndio.
Instalações antigas, comuns em construções erguidas há mais de duas décadas, agravam a situação. Fiações originais muitas vezes não foram dimensionadas para suportar o volume de aparelhos modernos e, sem manutenção periódica, o isolamento se rompe com facilidade. Quando um forno elétrico é conectado à mesma linha que outro equipamento de alto consumo, a soma das correntes pode ultrapassar o limite nominal do circuito, aquecendo condutores, tomadas e plugues.
Falhas de termostato elevam a temperatura interna
Modelos de forno elétrico sem sistema de desligamento automático dependem da integridade do termostato para regular a temperatura. Com o tempo, contatos metálicos se desgastam, sensores perdem precisão e a resistência passa a aquecer além do necessário. Caso o componente trave na posição ligada, a temperatura interna sobe ininterruptamente. Esse aquecimento excessivo compromete cabos, isoladores e, eventualmente, a carcaça metálica. Se houver material combustível dentro do forno ou nas proximidades, a propagação do fogo torna-se muito rápida.
A recomendação de fabricantes e de profissionais de manutenção é verificar periodicamente o estado do termostato, sobretudo em aparelhos fabricados há mais de dez anos. Na ausência de desligamento automático de segurança, o uso constante durante o inverno representa risco adicional, pois o defeito pode ocorrer justamente no momento em que a rede elétrica já está exigida por outros equipamentos.
Acúmulo de calor e ventilação insuficiente
A concepção de um forno elétrico prevê que o calor gerado pelas resistências seja isolado da parte externa, mas também que haja troca térmica suficiente para evitar excesso de temperatura em componentes eletrônicos. Se a unidade opera por muitas horas ou permanece ligada à tomada sem intervalos, ventiladores internos, quando existentes, podem não dar conta de dissipar o calor residual. O fenômeno é mais perceptível em espaços fechados, como cozinhas sem exaustão adequada.
Em ambientes onde correntes de ar são restritas, a temperatura ao redor do equipamento sobe a ponto de afetar móveis, paredes e objetos plásticos. Um painel de armário sobre o forno, por exemplo, pode ressecar, escurecer ou até carbonizar ao longo de sessões longas de uso. Quando o aparelho fica energizado sem supervisão, não há quem identifique sinais de superaquecimento a tempo de interromper a alimentação.
Sujeira interna transforma resíduos em combustível
Gordura acumulada, migalhas de pão, pedaços de papel-toalha ou guardanapos esquecidos no interior do forno elétrico funcionam como material combustível. A partir de determinada temperatura, esses resíduos inflamam e produzem chamas abertas. A porta de vidro geralmente resiste por alguns minutos, mas a elevação térmica interna compromete vedações e fios próximos. Caso a chama encontre oxigênio suficiente, o fogo pode escapar pelas frestas e atingir armários, cortinas ou toalhas posicionadas perto do fogão.
Limpar o interior do forno após cada uso diminui significativamente esse risco. Especialistas orientam a remover grades e bandejas para lavagem completa, além de inspecionar selos de silicone e superfícies metálicas. Qualquer acúmulo oferece potencial de ignição, especialmente no inverno, quando se tende a utilizar o aparelho para assados mais robustos ou por intervalos prolongados.
Componentes elétricos desgastados ampliam a vulnerabilidade
Cabo de alimentação ressecado, plugue trincado e tomadas frouxas são sinais de fadiga que não devem ser ignorados. Em dias frios, o manuseio de cabos rígidos pode gerar microfissuras no isolamento. Uma vez exposto, o condutor emite faíscas ao tocar superfícies metálicas, provocando arquear elétrico. A faísca, por sua vez, pode atingir toalhas de mesa, papéis ou líquidos inflamáveis mantidos sobre o balcão.
Técnicos orientam a desconectar o forno elétrico da tomada antes de qualquer inspeção e a substituir imediatamente componentes danificados. A prática de retornar o plugue parcialmente quebrado à mesma tomada apenas adia o problema e aumenta a chance de calor excessivo no ponto de contato.

Imagem: Lucas Rabello
Não usar o forno como aquecedor de ambiente
Há quem abra a porta do forno após o preparo de alimentos para aproveitar o calor residual e aquecer a cozinha. Embora comum, o hábito contribui para aumentar a umidade relativa e direciona vapor quente para armários superiores, encurtando a vida útil de dobradiças e laminados. Em aparelhos sem termostato em perfeito estado, a porta aberta pode provocar funcionamento contínuo da resistência, elevando a temperatura acima da especificada pelo fabricante.
Técnicos advertem que o forno não foi projetado para atuar como aquecedor portátil. Ausência de mecanismos de corte rápido, ventilação insuficiente e posição fixa expõem o equipamento a sobrecarga prolongada. Se for necessário aquecer o ambiente, o recomendado é utilizar aparelhos específicos, dotados de termostatos calibrados para uso contínuo em espaço aberto.
Importância de desligar da tomada após o uso
Desconectar o forno elétrico da rede elimina a circulação de corrente no circuito interno, reduzindo o risco de curto-circuito decorrente de surtos de tensão ou falhas de isolamento. O hábito ainda impede o consumo de energia em modo de espera, contribuindo para economia na fatura mensal. Especialistas lembram que, mesmo com o seletor de temperatura na posição off, o transformador e a placa eletrônica permanecem energizados se o plugue estiver inserido na tomada.
Durante a noite ou na ausência dos moradores, qualquer anomalia elétrica pode evoluir sem que haja intervenção imediata. Por isso, a orientação é sempre retirar o cabo da tomada após o término do cozimento. Caso o ponto de energia esteja em local de difícil acesso, o uso de régua de proteção com chave liga-desliga ajuda a interromper o fornecimento de forma prática e segura.
Falta de manutenção preventiva em instalações residenciais
A maior parte dos sistemas elétricos residenciais é composta por disjuntores, condutores e tomadas com vida útil definida. Em moradias antigas, a substituição desses elementos costuma ser adiada por questões de custo ou por desconhecimento dos riscos. Quando a rede opera perto do limite por tempo prolongado, fios se aquecem e o isolamento termoplástico se deforma. A cada ciclo de aquecimento e resfriamento, a resistência elétrica interna se altera, favorecendo pontos de contato soltos e faíscas.
Um forno elétrico adiciona carga significativa ao circuito. Se o disjuntor for subdimensionado ou se a fiação apresentar seções diferentes ao longo do trajeto, correntes de retorno podem se concentrar em trechos mais finos, elevando ainda mais a temperatura local. Profissionais recomendam inspeção de toda a instalação, verificação de pontos de oxidação e substituição de tomadas ou interruptores que apresentem sinais de aquecimento.
Recomendações práticas para uso seguro
Para reduzir as chances de incêndio em dias frios, especialistas listam orientações simples, mas efetivas:
- Desligar e desconectar o forno elétrico da tomada sempre que não estiver em uso.
- Evitar ligar o equipamento no mesmo circuito de aquecedores ou outros aparelhos de alto consumo.
- Realizar limpeza interna frequente, removendo resíduos de alimentos e gordura.
- Verificar regularmente a integridade do cabo de alimentação, do plugue e da tomada.
- Não deixar o forno funcionando sem supervisão, principalmente durante a noite ou ao sair de casa.
- Substituir imediatamente componentes danificados ou desgastados.
- Consultar eletricistas qualificados para avaliar a capacidade da instalação antes de adicionar novos aparelhos ao circuito.
Adotar essas medidas é essencial em períodos de maior demanda energética, quando cada ponta de consumo pressiona a rede da residência. Com atenção básica à manutenção e aos hábitos de uso, o forno elétrico pode continuar cumprindo sua função na cozinha, sem se tornar fator de risco adicional durante o inverno.
Fonte: Misterios do Mundo