Um pregador radicado na África do Sul voltou a atrair a atenção pública ao declarar que teria visto Jesus Cristo sentado em um trono e que, por causa dessa experiência, acredita que o fim do mundo acontecerá entre 23 e 24 de setembro de 2025. A data coincide com o Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico, evento religioso também chamado de Festa das Trombetas. A convicção foi compartilhada por Joshua Mhlakela em entrevista disponibilizada no canal CENTTWINZ TV, no YouTube, no início deste ano. Desde então, as declarações repercutem em diversos ambientes digitais, gerando apoio entre alguns fiéis e ceticismo em boa parte do público.
Relato da visão
Durante a entrevista, Mhlakela afirmou de forma enfática que presenciou uma cena celestial. Segundo ele, Jesus estava sentado em um trono e pronunciou de maneira clara a frase: “Eu estou chegando em breve”. Com base nessa suposta comunicação, o pregador concluiu que o chamado arrebatamento deverá ocorrer exatamente na passagem do Rosh Hashaná de 2025. Para o religioso, a coincidência entre a celebração judaica e a data do arrebatamento não seria mero simbolismo, mas o sinal definitivo de que Deus virá resgatar os cristãos da Terra no período apontado.
Mhlakela acrescentou que, após esse julgamento, o planeta se tornará “irreconhecível” e enfrentará abalos de intensidade sem precedentes. Ele descreveu um cenário em que a Terra tremeria com força jamais testemunhada, enfatizando que o evento superaria qualquer catástrofe anteriormente registrada. A descrição, embora vaga em detalhes técnicos, reforçou a convicção do pregador de que o fim teria consequências globais e imediatas.
Data associada à Festa das Trombetas
O Rosh Hashaná é observado anualmente por comunidades judaicas em todo o mundo como o início do novo ano religioso. Também conhecido como Festa das Trombetas, o período é tradicionalmente marcado por reflexões espirituais, toques de shofar e pedidos de perdão. Para Mhlakela, essa data carrega um simbolismo especial, pois representaria o momento exato em que o chamado irá ressoar. De acordo com a narrativa apresentada, a correspondência entre o feriado judaico e o suposto arrebatamento constituiria um indicativo de precisão divina no calendário escatológico.
Na visão do pregador, a escolha da festa judaica não seria fruto de coincidência arqueológica nem de uma leitura alegórica, mas de um pronunciamento direto de Jesus. O fato de o Rosh Hashaná ocorrer anualmente em datas variáveis do calendário gregoriano, em razão do calendário hebraico lunissolar, foi mencionado como parte do argumento de que Deus teria fixado o marco exato de 23 a 24 de setembro de 2025.
Repercussão internacional
As declarações de Mhlakela ultrapassaram rapidamente as fronteiras sul-africanas. Publicações de alcance global passaram a relatar o tema, ampliando o interesse e o debate em diferentes países. O New York Post, por exemplo, noticiou que algumas pessoas, convencidas pela fala do pregador, chegaram a abandonar seus empregos para se preparar para o suposto fim do mundo. O levantamento de casos concretos de demissão não foi detalhado, mas a informação de que houve alterações na rotina de certos fiéis ganhou destaque em reportagens internacionais.
Além disso, plataformas de compartilhamento de vídeos e redes sociais vêm repercutindo trechos da entrevista. Reproduções do depoimento, seguidas de comentários de apoio ou crítica, multiplicaram-se em perfis pessoais e páginas especializadas em assuntos religiosos ou curiosidades. A disseminação de trechos curtos, retirados do vídeo original, contribuiu para que a discussão alcançasse novos públicos em ritmo acelerado.
Questionamentos em fóruns online
Paralelamente ao apoio que algumas pessoas demonstraram, a profecia de Mhlakela recebeu críticas contundentes, principalmente de usuários do Reddit. Em postagens que circularam na plataforma, internautas ironizaram a ausência de provas concretas sobre o encontro do pregador com Jesus. Um dos comentários expressos sugeriu que todo o episódio poderia ter sido criado para “ganhar cliques”, insinuando que o relato funcionaria como estratégia de atração de audiência.
A discussão nesses fóruns frequentemente se concentrou na pergunta sobre a credibilidade de relatos individuais de experiências espirituais. Diversos participantes argumentaram que, na ausência de evidência verificável, o público deveria adotar postura cética. Outros reforçaram que, independentemente de convicções pessoais, qualquer anúncio sobre o fim do mundo necessita de base factual robusta para ser levado em consideração.
Observações humorísticas sobre o fuso horário
A polêmica também foi transformada em material para humor. O comediante Kevin Fredericks, em conteúdo publicado em sua conta no Instagram, abordou a suposta profecia com tom jocoso. Ele questionou em qual dos 24 fusos horários globais – ou 38, se incluídos os intervalos de meia hora – o evento descrito deveria ocorrer. Fredericks lembrou que, segundo a doutrina cristã baseada em passagens bíblicas, ninguém saberia o dia nem a hora do arrebatamento. O comentário, ainda que de natureza satírica, destacou uma contradição frequentemente apontada por crentes e não crentes quando confrontados com previsões de datas exatas.
O aspecto do fuso horário ganhou relevância nas redes porque ilustra um problema prático: mesmo que se aceite a data proposta, haveria diferença de horário entre países, continentes e ilhas oceânicas. Assim, perguntar “quando exatamente” – segundo relógios convencionais – o arrebatamento começaria tornou-se um dos principais argumentos para questionar a precisão da profecia. A exposição humorística de Fredericks foi compartilhada por perfis de entretenimento e acabou reforçando o debate sobre a veracidade de previsões religiosas fixadas em calendário comum.
Ausência de horário e detalhes operacionais
Apesar de mencionar o período de dois dias, Mhlakela não forneceu um horário específico para o suposto arrebatamento. Essa lacuna foi amplamente discutida entre críticos e simpatizantes. Entre os defensores da mensagem, a ausência de um horário poderia significar que o evento divino transcende convenções humanas de tempo. Já entre os críticos, essa mesma falta de precisão funciona como sinal de alerta de que a profecia não passaria de conjectura.
Na entrevista, o pregador limitou-se a dizer que a Terra “tremerá” e que o planeta ficará “irreconhecível” após o julgamento. Nenhuma explicação adicional foi dada sobre possíveis consequências geológicas, climáticas ou sociais. Do ponto de vista das reações públicas, a falta de detalhes técnicos foi compreendida, por alguns, como característica de visões ou revelações pessoais, que costumam envolver linguagem simbólica. Outros, porém, interpretaram essa escassez de esclarecimentos como indicativo de falta de substância na mensagem.

Imagem: Lucas Rabello
Efeitos entre fiéis
Mesmo sem dados precisos sobre o número de seguidores de Mhlakela, o noticiário internacional relatou casos de pessoas que teriam mudado o estilo de vida para se preparar para o possível fim do mundo em 2025. As alterações incluíram saída de empregos, revisão de planos de longo prazo e intensificação de práticas devocionais. Em algumas comunidades, a notícia fomentou grupos de estudo bíblico e encontros de oração focados em temas escatológicos.
O engajamento de parte das pessoas reflete a persistente atração que previsões apocalípticas exercem em segmentos religiosos. No caso específico, a menção direta a uma data, associada à Festa das Trombetas, forneceu um ponto de convergência para rituais, discussões e compartilhamento de conteúdo. Entre aqueles que abraçaram a profecia, a expectativa de salvação ou arrebatamento superou preocupações sobre estabilidade financeira ou continuidade de projetos pessoais.
Ceticismo consolidado
Do lado cético, a ausência de evidências materiais sobre a visão de Jesus constituiu o argumento mais frequente. Usuários de redes sociais e participantes de fóruns ressaltaram que experiências subjetivas, ainda que genuínas para quem as vivencia, não permitem verificação externa. A crítica ganhou força principalmente quando comparada ao impacto prático de previsões anteriores que não se concretizaram.
Para muitos observadores, a declaração de que o mundo enfrentará um momento sem precedente de destruição, associada a uma data exata, repete um padrão conhecido de prognósticos apocalípticos: expectativa elevada, cobertura midiática disseminada e, eventualmente, desapontamento caso nada aconteça no período prometido. O caso Mhlakela entrou, portanto, em uma lista de anúncios similares que passam a ser acompanhados pela imprensa e por grupos religiosos até a chegada do dia previsto.
Debate contínuo e incerteza
Com a aproximação da data mencionada, a controvérsia tende a intensificar-se. Enquanto uma parcela de fiéis mantém a convicção de que o cenário descrito pelo pregador se concretizará, outra parcela se mostra cautelosa. Entre céticos, o ponto central permanece inalterado: não há comprovação apresentada que situe a visão de Mhlakela além do âmbito pessoal.
Embora a discussão sobre o fim do mundo envolva, em geral, argumentos religiosos, filosóficos e científicos, o caso específico gira em torno de um testemunho individual. Assim, a credibilidade de toda a narrativa depende da confiança que cada pessoa deposita no pregador. Esse aspecto subjetivo limita a possibilidade de consenso e mantém o tema no terreno das crenças particulares.
Até o momento, não foram registradas manifestações oficiais de autoridades religiosas de grande alcance posicionando-se a favor ou contra a profecia. Também não houve, conforme o conteúdo divulgado, advertência formal de instituições governamentais ou entidades científicas. O debate ocorre, portanto, predominantemente em espaços virtuais, permeado por manifestações de humor, análises críticas e demonstrações de fé.
Expectativas para 23 e 24 de setembro de 2025
A proximidade temporal da data mencionada – pouco menos de dois anos a partir da publicação da entrevista – significa que grande parte dos envolvidos, simpatizantes ou críticos, deverá testemunhar o desenrolar dos fatos. Caso nada aconteça nos moldes descritos, a profecia seguirá o caminho de outras previsões não concretizadas. Por outro lado, se qualquer evento significativo coincidir com o período, o debate poderá ganhar novos contornos.
Independentemente de qual cenário se confirme, o anúncio de Mhlakela já impactou hábitos, discussões e decisões individuais. Esses efeitos, por si só, mostram como narrativas sobre o fim do mundo continuam a influenciar comportamentos e imaginários coletivos em diferentes regiões do planeta.
Até que se complete o ciclo entre a divulgação da profecia e a chegada do Rosh Hashaná de 2025, o pronunciamento do pregador sul-africano permanece como ponto de referência para análises, comentários e, principalmente, para as dúvidas que cercam previsões apocalípticas na contemporaneidade.